segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

sobre o Deus, a razão e as pessoas

Richard G. Scott, engenheiro nuclear americano, ajudou a planejar o primeiro submarino nuclear do mundo. Jeffrey R. Holland, doutor em estudos americanos pela Universidade de Yale. Dallin H. Oaks, membro da Suprema Corte de Utah, estado americano. Dieter F. Uchtdorf, ex-vice presidente da Lufthansa German Airlines. Ezra Taft Benson, ex-Ministro da Agricultura dos Estados Unidos. Além da vultuosa instrução e elevada posição intelectual, política ou administrativa, esses homens têm algo em comum: são membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.


E não obstante isso, ainda há os que creem que um indivíduo não pode ser um “intelectual” e ter uma religião ao mesmo tempo. Há os que dizem que a religião é o ópio do povo. Há os que dizem fazer faculdade, mestrado, doutorado, ter um carro, ser a elite intelectual da cidade, estado ou nação, e não ter tempo para a religião. A esses, certamente, a escritura chamaria “os tolos”. Dizem ser a religião um instrumento de controle, de poder. Dizem que ela ceifa a liberdade do homem, tornando-o fraco e submisso.

Com isso em mente, remeto-me a incontáveis pessoas que conheci, que não eram capazes sequer de abster-se de um pouco de café; outras que, dizendo-se racionais, não eram capazes de controlar seus instintos sexuais, ou outras, feitas escravas do álcool, cigarro e outras substâncias. E lembro-me de um homem fenomenal que lamento não ter conhecido pessoalmente. Estando ele em sua casa, com sua esposa e filhos numa madrugada, foi brutalmente arrastado para fora por uma turba. Chutes, socos, paus, pedras, tudo isso encontrou em seu corpo indefeso um alvo fácil. E como não fosse bastante, a intolerante choldra cobriu sua pele de piche quente e penas. Dois dentes quebrados, vários ferimentos e a morte de um filho foi o resultado disso. A reação desse homem? Depois, na presença de seus agressores e acompanhado de seus amigos, ele lhes ensinou sua religião e os batizou. Poderia eu chamar fraco a um homem desses, que refreou todo o instinto de vingança e retaliação que é tão comum à nossa bárbara raça? De onde tal força, não física, mas de caráter?

“Deus está morto”, anuncia Nietzsche, no que é acompanhado em uníssono pelos racionalistas e pela teoria de Darwin. O homem agora é senhor de si. “Mais do que a morte de Deus [...] o que anuncia o pensamento de Nietzsche é o fim de seu assassino” (As palavras e as coisas, Michel Foucault). “a hipótese de que o homem talvez tenha um fim próximo [pode ser] fundamentalmente inspirada na aposta nietzschiana na morte do homem, depois de este ter pretendido ocupar na modernidade o lugar de Deus” (Foucault, a filosofia e a literatura, Roberto Machado). O homem não pode assumir a posição divina, isso o levará à ruína, depois da qual, imponente, surgirá de novo a figura sagrada de Deus, ilustrando o Eterno Retorno teorizado pelo filósofo.

E me pergunto: como podemos considerar-nos civilizados, intelectuais, racionais, se negamos ao Deus? É impossível. A religião não é fonte de fraqueza, é fonte de força, é berço dos valores sociais tão teorizados pela teoria política e celeiro de prática dos mesmos. Não faz sentido, às vezes. Às vezes a pergunta “por quê?” tem como resposta um imenso vazio. E aí surge a descrença e o materialismo. Para isso, cito Lispector: “Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido”.

Ainda com muito que falar, mas com tempo ceifado – este sim ceifado e ceifado pelo racionalismo – encerro por ora este breve esboço que buscarei tornar perfeito.

Carpe diem.

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