domingo, 28 de agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ora, mas o que se esperava de mim? será que ele não lembra como é o retorno? será que ele não lembra como é ser alguém - até mesmo com outro nome - que se aprende a amar mais que tudo porque em tudo é melhor do que aquilo que jamais fôramos? de repente tudo isso acaba, e o que se espera de nós?
não que a glória me satisfaça. mas, sinceramente, esperava ser recebido como um herói. no entanto, nada. nem uma conversa, nem um cumprimento. e antes era tão diferente. eu fui herói antes da grande missão? e depois dela tornei-me em refugo, foi isso? ela tornou-me uma pessoa terrível, terá sido isso? pois depois dela nem um olhar, nem uma conversa, nem um pedido de ajuda. era como se dissessem: podes tudo. não, eu não podia, como até agora não posso. não sou feito de ferro, nunca fui. é mister cuidar dos que retornam, ou acaso não se conhece que uma pessoa arrancada daquilo que foi e do lugar que amou é um indivíduo frágil? e ele me acusa, junto dos meus, de afundar o seu departamento. ora, e ele, o que fez?
não, meu caro, não. não foi em vão que realizamos aquela grande missão. sei disso.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

poema de início


E nós éramos. Somente tu, somente eu.
As luzes da ribalta eram estrelas
Abaixo de nós.

Minha mão sobre a tua
Era um prenúncio
Teu cheiro sobre mim
Uma corrente

Até que vieram os olhos
Essas doces pedras de candura
E se uniram as águas
Ali, começávamos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

sim, sou lusitano, foi o que me disse o sangue ontem à noite. súbito, uma saudade vinda não sei de onde, veio e aninhou-se cá dentro. há pouco e pouco foi tomando forma e enxerguei os tempos de outrora. os amigos de outrora. as risadas de outrora. a rodoviária de outrora. súbito, descobri que eu só era casca, roído por dentro de saudade. então vi o rosto de vanda. pensei em outros rostos, amigos, queridos, cuja lembrança é hoje uma pontada no peito. não dormi. eles, como fantasmas amigos, convidavam-me para junto deles, para o passado, o querido passado dos temoos de Wonderland. o corpo pesado não me deixou ir.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Não, tu não és um sonho, és a existência
Tens carne, tens fadiga e tens pudor
No calmo peito teu. Tu és a estrela
Sem nome, és a morada, és a cantiga
Do amor, és luz, és lírio, namorada!
Tu és todo o esplendor, o último claustro
Da elegia sem fim, anjo! mendiga
Do triste verso meu. [...]
És linda, és alta! és sorridente
És como o verde do trigal maduro
Teus olhos têm a cor do firmamento
Céu castanho da tarde - são teus olhos!
Teu passo arrasta a doce poesia
Do amor! prende o poema em forma e cor
No espaço; para o astro do poente
És o levante, és o Sol! eu sou o gira
O gira, o girassol. [...]
o pássaro
Do trópico inventou teu meigo nome
Duas vezes, de súbito encantado!
Dona do meu amor! sede constante
Do meu corpo de homem! melodia
Da minha poesia extraórdinária!
[...]

roubado a Vinicius e dado a ti.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

hoje é o dia último. amanhã é volta às aulas. o caderno é o mesmo, por enquanto. também a mochila. a estrada, creio eu, é que já não existe. desfez-se, esfacelou-se ao sopro do vento. o grande forte está lá. e me pergunto o que ele me dará. se me dará. e nos contemplamos, mudos e serenos.